Então eu fico olhando para a tela do computador e não
consigo sintetizar nada. Começo uma frase. Paro. Apago. Começo outra frase.
Apago tudo. Decido escrever sobre outra coisa. E nada. Onde é que foi para toda
aquela facilidade em escrever? Parece que minhas ideias e pensamentos não
conseguem se alinhar nem mesmo por um segundo. Talvez seja o estresse, talvez
seja a ansiedade, talvez seja toda essa mudança.
Vamos tentar mais uma vez. Ok?
Estou tentando lembrar o dia que toda essa loucura começou.
Preciso olhar meu Facebook e ver quando postei “Alexander Cesar mudou-se para
São Paulo”. Achei. Foi no dia 19 de agosto. Lá se vão quase três meses na selva
de pedra.
Algumas pessoas acham que sou louco, que jamais trocariam o
sossego do litoral, a maresia, o barulho do mar, pelo caos de São Paulo. Eu
também acho que ninguém deve trocar nada enquanto se está feliz com aquilo, mas
a questão é que eu precisava mudar.
Sabe quando sua vida está desmotivada e por
mais que muitas coisas aconteçam você não se anima com nada e tudo para apenas “um
monte de mais do mesmo”?
E o pior é que nessas horas a gente tá tão acomodado que
qualquer pequena mudança parece um sacrifício. Mudar o porta retrato da sala
para o quarto é tão desconfortante que é melhor deixa-lo no mesmo lugar pelos
próximos dois mil anos. Mudar pra quê?
Mas comigo é diferente.
Não tem essa de “deixar como está”, “assim tá bom” e blá,
blá, blá... Esse papo é coisa de gente medrosa. Eu não tava contente na
condição que estava. Precisava encontrar motivação de alguma forma. A vida
estava passando e nada do sol brilhar mais forte. Os dias de verão no litoral
se tornavam dias de chuva e neblina. Era um caos dentro da alma.
Mesmo estando praticamente no último ano da faculdade –
talvez trancar o curso de Jornalismo tenha sido o que mais me machucou nessa
mudança toda, eu não queria continuar ali.
E tem mais...
Eu não faço a menor ideia porque tudo parecia tão “sem graça”.
Era tudo tão vazio. O Litoral Norte de São Paulo é um lugar lindo, com praias
paradisíacas, gente bonita e muita tranquilidade. Eu tenho bilhões de motivos
para amar aquele lugar, mas mesmo assim, algo em mim dizia que ali não era o
meu lugar. Ah, quer saber? Não existe lugar certo para ninguém. O melhor lugar
do mundo é aquele te faz acordar bem, feliz e disposto. É aquele pedaço de
chão, seja de asfalto ou de areia que faz você se sentir vivo. Encare!
E a verdade é que isso não estava acontecendo comigo. Eu
precisava fazer alguma coisa urgente. Dormir o dia inteiro não iria resolver.
Fiz as contas
Tá, beleza. Vamos fazer alguma coisa então. Mas, o quê?
Meu forte nunca foi matemática. Uso calculadora para
continhas de mais e de menos, e resolvi tomar uma decisão importante sem nem ao
menos fazer as contas na ponta do lápis. Eis, que surge meu incrível dote para
exatas: “Se eu vender minha máquina fotográfica da Nikon por R$1,200 eu consigo
me mudar para São Paulo. Alugo um hostel, arrumo um emprego e depois me viro”.
Resultado? Cheguei em SP e quando estava dentro do quarto de um hostel percebi
que tinha apenas R$400 para passar o mês na capital mais cara do Brasil e sem
emprego. Olha que demais esse cálculo?!
Mas quem disse que isso me desanimou? Pode ter me deixado um
pouco apavorado, com medo de passar fome nas ruas dessa cidade estranha. Quase
pude me ver igual aquelas cenas de filme onde o cara tá largado na calçada numa
noite fria, cheio de trapos e roupas velhas com um cartaz de papelão e uma
latinha de metal esperando pessoas bondosas jogarem moedas.
Graças a deus isso não aconteceu.
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O caos de SP não era maior que o caos que estava dento de mim |
No segundo dia em SP eu já estava na rua às 7h da manhã com
uma pastinha cheia de currículos e entregando em todos os comércios que podia.
Chegava em casa e acessava os sites de vagas de trabalho
para me inscrever nas oportunidades que apareciam.
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Aguarde na linha
só mais um momento, senhor |
Em duas semanas foram mais de 8 entrevistas, dinâmicas,
testes, apresentações em grupo, mas nada, absolutamente nada de emprego. Até
que apareceu o emprego mais popular de Sampa: operador de telemarketing.
Fiz de novos as contas...
O salário daria para pagar o hostel e comer, então, tá
ótimo, levanta as mãos pro céu e agradece. O objetivo era outro mesmo, então
vamos garantir o pão de hoje e Deus sempre prepara algo melhor para amanhã.
Esse amanhã durou 10 dias.
Consegui outro emprego, com o salário bem melhor e
finalmente pude começar a planejar as coisas melhores. Meu objetivo estava
muito claro e parecia que as coisas estavam fluindo. Eu estava correndo atrás e
fazendo acontecer e se tudo continuar assim, logo logo poderei terminar minha
faculdade e começar a crescer!
DrinkFinity
O emprego novo pode ser bem puxado, mas é divertido. Quem já
trabalhou em shopping sabe que não há vida além do emprego. Trabalhos aos
sábados, domingos, feriados, natal, ano novo, páscoa, etc... trabalho,
trabalho, trabalho. Mas, até parece ironia do destino. Esse foi o motivo de vir
para São Paulo: tra-ba-lhar! Então, levanta as mãos de novo pro céu e agradece.
Agora tenho um emprego onde posso pagar um lugar melhor para
morar, comprar minhas coisas e ainda pagar a faculdade. #oremos
O trabalho que surgiu é uma vaga de vendedor na loja
DrinkFinity no Shopping El Dorado. Pra quem não conhece, a bebida é um novo
produto da PepsiCo do Brasil, e essa é a primeira loja do mundo! Olha que
demais, não é mesmo?
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A gente rala, mas se diverte! Tem até bolo e selfie na loja quando alguém faz aniversário! |
Mas é isso aí,
Eu acabei falando demais, e pra quem começou o post falando
de bloqueio criativo até que eu acabei escrevendo demais...
Alexander Cesar
Um paulistano aspirante a jornalista. Bilíngue, social media e heavy user. Amo blogs, redes sociais, celular e quase nunca assisto televisão.Eu penso tanta coisa que seria egoísmo não dividir isso com alguém.
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